A bacia hidrográfica do Kafue na Zâmbia cobre cerca de 157.000 km2 e contribui com 8,4% do potencial hídrico superficial do país. A bacia do alto Kafue abarca a área a montante da estação de descarga do ferry de Machiya e estende-se pelas Províncias Central e Copperbelt (região mineira conhecida pelo cobre e outros metais).

A zona húmida do Lukanga insere-se na bacia do alto Kafue e estende-se ao longo de 59.000 km2. Ocupa uma depressão circular pouco profunda, mas extensa e é a maior massa de água permanente de toda a bacia hidrográfica do Kafue, o que faz com que seja uma das principais áreas húmidas da Zâmbia.

A bacia do alto Kafue, onde se insere a área húmida do Lukanga, está inserida numa região conhecida pelas suas reservas de cobre, onde as atividades de mineração vêm criando um passivo de poluição. Para além destas, apesar da agricultura praticada na zona húmida do Lukanga ser de regime extensivo, com reduzido recurso a fertilizantes e pesticidas, a montante existem áreas de regadio intensivo que injetam indiretamente nutrientes na área húmida, através de escorrência superficial, alterando este sistema natural.

O principal objetivo deste projeto é o desenvolvimento de um plano de conservação para a área húmida do Lukanga, que considere os riscos que ameaçam a qualidade ecológica desta importante área.

O desenvolvimento de um plano de conservação para a área húmida do Lukanga exige uma abordagem de interações no sentido base-topo e topo-base de todos os impactos que se verificam ou virão a verificar nesta área, incluindo efeitos sobre os serviços dos ecossistemas e sobre os meios de subsistência das populações que dependem desta área.

Algumas tarefas específicas deste projeto:

  • Trabalhos de campo especializados numa área muito extensa (mais de 50 km diâmetro) e maioritariamente inacessível, recorrendo a: veículos 4×4, canoas artesanais em madeira ou fibra de vidro, e a pé;
  • Mapeamento da área húmida com recurso a imagens de drone (fotografia e vídeo) recolhidas durante os trabalhos de campo;
  • Recolha de amostras, na época húmida e na época seca, para análises químicas de rotina e também de metais pesados e de compostos orgânicos persistentes (c. 100 estações de amostragem), em toda a bacia do alto Kafue, cobrindo os principais componentes do meio: águas superficiais e subterrâneas, sedimento, tecido vegetal e tecido animal.

Outra tarefas:

  • Definição de tipos de ecossistemas, serviços dos ecossistemas, indicadores e metodologias para avaliá-los;
  • Avaliação da situação de base da área húmida do Lukanga e de possíveis fontes de degradação a montante (na bacia hidrográfica do Lukanga e na bacia hidrográfica do alto Kafue);
  • Desenvolvimento de ferramentas e recomendações para a gestão da área;
  • Condução de workshops com stakeholders, seminários e cursos de formação.